PARABOLAS



Parábola dos talentos

Lucas, XIX, 11-27
Há muito tempo, um homem se dispôs a entregar seu tesouro, suas moedas, a seus servos para que estes cuidassem com zelo dos bens que havia adquirido. Posteriormente quis saber como havia sido a aplicação.
Terá esta narração alguma aplicabilidade nos dias atuais em que o setor financeiro está tão movimentado, o homem atua na era da informática e da ciência?

Sim, essa parábola está atualizada, se aplica aos dias atuais. O homem que navega na internet, cria através da ciência, aplica na área filosófica, e precisa ter como roteiro o Evangelho.
O homem que distribui os talentos é Deus, os servos são os espíritos encarnados, os talentos são as diversas habilidades.

Ao encarnar-se, com a bagagem adquirida mediante suas experiências, cada espírito traz tarefas a cumprir, em benefício próprio e de seus semelhantes. A distribuição de talentos em quantidades desiguais, não é arbitrária, baseia-se na capacidade de cada ser, adquirida no decorrer de cada existência. O espírito que recebe mais talentos já tem mais experiência e mais conquistas, os que recebem menos talentos tem tarefas mais restritas e estão em condições de ampliar a qualidade e a quantidade através de trabalho, dedicação e sua utilização adequada. Recebem-se talentos de acordo com a nossa capacidade de cuidar deles, de modo que a renda seja revertida para cada aplicador. A renda é composta por moeda mais rentável que existe: O amor, a paz, a nossa evolução moral e espiritual.

O ser que cumpre bem sua tarefa na Terra multiplica seus talentos e os que deixam de cumprir são os que guardam os talentos. Guardar o talento é sinal de medo de fazer um empreendimento, é não ter fé em si e em Deus, acomodação e também falta de conhecimento da missão do homem na Terra. Desenvolver o talento é fazer acontecer a Lei do Progresso.

O trabalho é talento; a Doutrina Espírita é talento. Tudo o que temos são talentos a serem cuidados. Talento é tudo que está sob nossos cuidados e deles haveremos de um dia prestar contas.
É tempo de aproveitar cada oportunidade para desenvolver habilidades. Se não há compreensão dessa necessidade ou se a direção a ser a seguida não está clara, busque a resposta no Evangelho, procure uma conversa fraterna. Abra-se. Eleve seu pensamento a Deus que com certeza muitas luzes brilharam, inclusive a sua luz interior.

Flora


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Parábola do Semeador

“O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, enquanto os homens dormiam, veio um inimigo, semeou joio no meio do trigo e retirou - se. Porém, enquanto o trigo crescia, então apareceu também o joio. Chegando os servos do dono o campo, disseram-lhe: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Pois donde vem o joio? Respondeu – lhes: Homem, o inimigo é quem fez isso. Os servos continuaram: Queres, então, que vamos arrancá-lo? Não, respondeu ele; para que não suceda, que, tirando o joio, arranqueis juntamente com ele também o trigo. Deixai crescer ambos até á ceifa; e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para os queimar, mas recolhei o trigo no meu celeiro.”(Mateus, XIII; 24-30)

No decorrer de nossas encarnações recebemos ensinamentos. Ensinamentos estes colhidos através das relações estabelecidas, através de acertos praticados, vivência das consequências de nossos desvios. Ensinamentos que apreendemos no simples ato de olhar para o céu, seja num dia chuvoso ou em um dia de sol e termos a certeza que dali a pouco aquele cenário será modificado e que há razões para aquele clima. Recebemos os ensinamentos de Jesus Cristo e temos a oportunidade, por menor que seja, de refletir e questionar sobre estes ensinamentos. Jesus Cristo é o semeador, cuja semente é o Evangelho. O campo onde esta semente é plantada é a humanidade. O inimigo que planta a má semente está em cada um de nós. Plantamos a má semente quando não temos a humildade, quando falta em nós a vigilância. Precisamos da vigilância a todo o momento. Vigilância é esforço constante. Junto à vigilância vem o reforço dado pela prece.  Temos percorrido caminhos e nestes há sempre um” Guia”. Nosso criador não nos tira do cenário, quando começamos a desviar de nossos objetivos de estarmos encarnados para progredir. Ele a cada momento nos dá novas oportunidades. Mediante o momento derradeiro de voltarmos á Pátria dos Espíritos, prestaremos contas de nossos atos.  Até nesse momento, nos é dado à oportunidade de repensarmos nossa vivencia e trabalhar para obter novas oportunidades. Estamos á caminho. Há tempo e oportunidade para estabelecer a reflexão, procurar novos rumos. É tempo de praticar a humildade para conosco e através da prece, da vigilância , da perseverança mudar para que a semente germine, dê flores e frutos. É tempo de crer que poderemos vencer. É tempo de pensar que temos o Criador que acredita no potencial de cada ser.

Flora

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Parábola do Fermento

“O Reino dos Céus é semelhante ao fermento, que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.” (Mateus, XIII, 33 – Lucas, XIII, 20-21)

Essa parábola nos faz pensar numa criança e naquele que se dispõe a despertá-la para a aprendizagem. Esse condutor da aprendizagem se prepara e prepara a criança com dedicação, depositando os ingredientes da didática e da metodologia, do amor, da compreensão da individualidade, como se estes fossem o fermento. Com o tempo e o despertar desta criança, ela haverá de crescer intelectual, moral e espiritualmente.  Lembrando que a criança é um espírito que tem em sua bagagem muitas conquistas, desafios a serem trabalhados nesta encarnação, em busca de seu crescimento moral e espiritual. Falamos de espírito em evolução que terá gradualmente seu aprimoramento. A criança receberá cuidados, palavras e ensinamentos que deverão ser assimilados. Esse adulto tenderá a tocar esse espírito no corpo de criança, para que aconteça o seu despertar. O educador, condutor, é o agente de mobilização da vontade, é o fermento que será trabalhado para que o indivíduo cresça para conquistar a sua evolução.

O mundo é o cenário de aprendizagem. A educação é processo permanente. O educador é o agente mobilizador da vontade. O fermento será a relação, ação do adulto com a criança no sentido de estimular a criança para que essa desperte para seu aprendizado nessa encarnação. Cairbar schutel, em  seu  livro Parábolas e ensinos de Jesus,  menciona que o ser não pode se transformar, de simples e ignorante, em elevado e sábio de um momento para o outro, como o levedo não transforma a farinha na mesma hora em que nela é posto.É preciso lembrar  que o calor é necessário para transforma, não só a farinha no pão, como também o homem para um espírito mais evoluído.

Meditemos sobre a necessidade de trabalhar com a criança e conosco em prol do despertar para o crescimento individual e coletivo.

Flora




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                                                    PARÁBOLA DA SEMENTE


        “O Reino de Deus é como se um homem lançasse a semente a terra, e dormisse, e se levantasse de noite e de dia e a semente germinasse e crescesse, sem ela saber como. A terra por si mesma produz frutos; primeiro a erva, depois a espiga e por último o grão cheio na espiga. Depois do fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa”.
  (Marcos, IV, 26-29)
Levemos nossos pensamentos a um agricultor, um jardineiro ou a quem se dedica a escolher determinada semente com o objetivo de obter uma flor decorativa, um alimento que traz a sustentação necessária a um ser. Com o tipo de semente escolhida, terá o “plantador” que preparar a terra seja ela num vaso ou em amplo campo. Feito o plantio deverá se dedicar aos cuidados essenciais: regar, adubar, retirar as ervas daninhas...
Enfim, o “cuidador” zelará para que a semente atravesse o ciclo de sua transformação através da germinação, nascimento, florescimento e o nascimento do fruto.
 Ao ser abençoado pela colheita, novo ciclo perpassará tanto para o produtor, quanto para o produto da natureza e consequentemente ao vegetal que lhe deu origem.
Imaginemos também um vasto campo que não foi cultivado pelas mãos humanas. Nesse campo podemos visualizar arbustos frondosos que dão frutos saborosos e nutritivos que passam a ser descobertos e utilizados em benefício do homem. Esse campo foi cultivado pela natureza através das leis divinas. É um campo destinado ao homem para o encontre e faça dele o uso benéfico.
Concluímos que toda semente tem o objetivo de passar por um processo a fim de atingir uma meta. Todos nós filhos de Deus também passamos por esse processo objetivando nosso crescimento moral, espiritual e intelectual.
Cairbar Schutel, em seu livro Parábolas e ensinos de Jesus, escreve que: “ A força secreta que produz todas as transformações orgânicas, também produz as  transformações psíquicas.E de onde vem essa força, esse poder? De Deus! E, embora os homens descurem seus deveres, assim como a semente se transforma em árvore, a semente do Reino de Deus se transforma se transforma em reino de Deus pela força do progresso  incoercível que domina todas as coisas. Partindo do “germe”, a palavra de Jesus ampliou-se, desenvolveu-se, e, por sua ação, fez desenvolver em seu seio, uma genealogia inteira de entes que, diferentes na forma e grandeza, vão constituindo e anunciando a todos o Reino de Deus! É assim a Semente da Parábola, que tem passado por todos os processos: germinação, crescimento, floração e frutificação, sem que a Revelação deixasse um só instante de vivificá-la com suas benéficas inspirações.”
A parábola da semente lança em nossas mentes o objetivo da reencarnação: Germinar, crescer, florescer, dar frutos e estabelecer novos objetivos para a próxima reencarnação perante a constante inspiração e supervisão de Deus!





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                                                                      Parábola do Semeador




Jesus Cristo, o magnífico pedagogo semeava a PALAVRA de DEUS, através de parábolas numa combinação de narrativa, didática, metodologia e recursos condizentes que apreendia a escuta do  povo da época. Através da pregação, visava oferecer subsídios para o crescimento moral e intelectual do povo. A platéia normalmente era constituída por pessoas de diferentes estágios de evolução intelectual e moral. Lançada a semente, a palavra de Deus que era única, cairia em diferentes terrenos, considerado que estes seriam almas em estágios diferenciados de evolução. Na parábola do semeador, podemos identificar o tipo de moral de cada ser aos quais a palavra de Deus é anunciada. Hoje, é possível identificar, classificar os homens como o espaço físico onde cai a semente citada na parábola:
Os homens identificados como “beira do caminho” são aqueles que são imaturos, não tem o sentido da escuta e da percepção, ainda não despertaram para o sentido da reencarnação. Preocupam - se com as coisas que são perenes, insensíveis a vivência sublime. Estão apenas assentados á beira do caminho vendo e fazendo a vida os levar de acordo com seu conhecimento, sem reter sentimentos, conhecimentos indispensáveis à prática necessária ao motivo da reencarnação.
 Os identificados como pedregulho, são aqueles, que param para ouvir, mas ainda não tem em si a vontade de refletir, sentem se incapazes de meditar e fazer uma reforma interior ou racionalizam tudo, são refratários. São capazes de darem início a um estudo, exercício de autoconhecimento, mas não os leva adiante.
 Os que caíram no espinheiro também não têm dentro de si os requisitos básicos para que o pronunciamento lhes cause meditação e empreendimento indispensável para qualquer mudança de postura. Na invigilancia, as imperfeições sufocam o crescimento da nova semente. Estão presos “ás coisas menos espirituais”, que lhes são mais agradáveis.
 Os definidos como a “boa terra”, representam aqueles que já têm mais percepção da Palavra do Pai. Nas encarnações vividas aprimoraram se mais que os demais espíritos. Estes, hoje, priorizam o real significado da palavra divina, a reforma íntima; tendem a se amar mais e conseqüentemente compreender, aceitar o próximo, tendo em vista as metas de Deus único. Estão mais conscientes do sentido da reencarnação. São seres que de acordo com santo Agostinho, fazem a autoavaliação para no momento seguinte rever seus conceitos, atos e fazendo desta estadia na Terra rentável empreendimento espiritual, buscando na fé Divina o respaldado. Conseqüentemente as ações são mais concretas.
 Estas três categorias representam tantas almas presas em seus conceitos, inércia, dores pouco percebidas. São almas que procuram refrigério, acalanto em coisas momentâneas, que são remédios ineficazes e indevidos para o mau que lhes assola a alma.
 Aos comparados com “caminho”, haverá o despertar de sua compreensão de um caminho, uma estrada que leva a estrada segura.
Aos comparados aos pedregulhos haverá o momento que o Grande Escultor, terá espaço para esculpir, modelar a rocha, a pedra dura, surgindo através do trabalho bem delineado um novo sentido para a vida.
Aos comparados ao espinho, haverá o momento de afasta –lo, deixando – o entremear com a luz do sol, do luar, com o ar, com a terra e conseqüentemente surgindo às folhas verdes da esperança de novos frutos.
A cada espírito, Deus oferece um tempo para que se aperceba da palavra, a interiorize, fazendo germinar ações novas. É indispensável perseverar na caminhada.
“O espírito Joanna de Angelis ilustra bem esse fato quando diz que “a aquisição de consciência é processo lento e profundo, porque se encontra em germe no próprio’ ser,” como a pérola preciosa na concha escura do molusco...”
Para Cairbar Schutil, a Parábola do Semeador, sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo em que nos ensina a distingui – las pela boa vontade com que recebem as novas espirituais.
Jesus Cristo, o semeador da palavra de Deus, levou a palavra com propriedade exemplar, única. Cabe, a todas as categorias de pessoas que evidenciam a palavra de Deus, Levá- la com simplicidade, fidedignidade e amor para que a semente seja apresentada com a qualidade necessária e brote no momento oportuno nos diferentes solos.
Bibliografia:
*Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII, 5 (Mateus, XIII. 18 a 23)
*Schutel, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus - (Mateus, XIII 1-9; Marcos, IV 1 a 9; Lucas, VIII 4-15) Editora O CLARIM
*Calligaris, Rodolfo. Parábolas Evangélicas – (Mateus, XIII 1- 23; Marcos IV 1 a 20; Lucas VIII 4 a 15)
*Sayão Antônio Luz – Elucidações Evangélicas – (Marcos, IV 1-20,25; Lucas, VIII 1-15, 18, 23,24)


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  Parábola da figueira que secou


Após sair da cidade de Bethânia, Jesus e os discípulos sentiram fome. Vendo uma figueira, a qual provavelmente não fora essa a primeira a ser avistada por aquele grupo, foram até a mesma a procura de figos que saciariam a fome de todos. A figueira era na Palestina, uma das árvores de mais valor. Ao lado do trigo, da cevada, da azeitona, da mirra, o figo constituía um dos produtos mais importantes. Esta árvore, como não é de ano inteiro, ao aproximar - se o verão os brotos de suas folhas começam a aparecer, caracterizando a mudança de estação.  Mas naquela planta havia apenas folhas. Então os discípulos ouviram de Jesus que ninguém mais comeria frutos daquela figueira. E, além disso, evidenciava que os discípulos tivessem fé em Deus. Assim, conforme narra S. Marcos, na manhã seguinte, quando por ali passaram novamente, constataram que aquela planta secara até a raiz.

Estaria ele irado, portanto condenando a planta a não mais produzir frutos? Não!  Jesus, era conhecedor da região, sabia que não era época de figos e que aquela árvore tinha uma organização insuficiente ou deficiente, por isso, não dava frutos. Ele resolveu utilizar essa figueira para oportunizar aos discípulos mais um ensinamento. Ele utilizou seus conhecimentos para retirar daquela planta todos os fluidos vitais, transferindo–os para outra planta.  Deixou claro que a lei de Deus se estende a toda a criação: animais, plantas e o homem. Essa lei que rege na figueira a produção de frutos é a mesma que rege nos homens a produção de obras. Uma figueira sem frutos não alimenta. Uma alma que não evidencia suas virtudes, não faz ações, também não produz frutos. Há frutos que alimentam o corpo e frutos que alimentam almas. O homem sem bons sentimentos, escasso de virtudes, que não pratica a caridade também não utiliza a sua encarnação com fins de exercitar seu crescimento moral, espiritual e intelectual. Esse espírito está fadado há muito pouco aproveitar a oportunidade de crescimento da reencarnação. De retorno ao plano espiritual, que arrependimento terá ao compreender seus feitos! Como prestará contas de seus feitos perante a oportunidade que lhe foi concedida para seu aprimoramento? Aqui na carne, provavelmente a semente da palavra não caiu em terra boa. Palavras não se transformaram em boas ações. Essa parábola vem semear a vigilância, o significado da reencarnação, a utilização da fé constante. Fica evidente que o homem deve utilizar a existência terrena, progredindo mediante a expiação, a reparação de suas faltas. Assim a cada encarnação teremos progressos mais intensos e haveremos de galgar mundos ditosos.
Para nos auxiliar temos a Palavra Divina, o recurso da oração, a fé, o auxílio de companheiros encarnados e também dos amigos que estão no plano invisível nos inspirando, a certeza de que somos filhos de Deus, irmãos de Jesus que acreditam que tudo nos é possibilitado para vencermos as dificuldades, dores e nos presenteiam com a metodologia de autoavaliação e o refazimento de todos os requisitos que nos tornarão mais completos, mais felizes. Tende bom ânimo! Tende fé! Acredite que a cada amanhecer nos são facultados oportunidades! Cresçamos, pois constantemente, a passos ritmados e cadenciados. Nunca desista de dar passos no caminho que o criador nos oferece.

Bibliografia:
*Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XIX – A fé que transporta montanhas item 8
*Sayão, Antônio Luiz – Elucidações Evangélicas   ( Lucas, XIII, 13:6-9)
*Schutel Cairbar – Parábolas e Ensinos de Jesus ( Mateus, XXIV e XXI; Marcos, XII e XI, Lucas XXI e XIII
 

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As parábolas e a sua interpretação

“Na acepção geral do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas.
As parábolas dos Evangelhos são alegorias que contém preceitos de moral.
O emprego contínuo, que durante o seu ministério Jesus fez das parábolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante comparações do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e com os interesses terrenos. Sugeria, assim o Mestre, figuras e quadros das ocorrências cotidianas, para facilitar mais aos seus discípulos, por esse método comparativo, a compreensão das coisas espirituais.
Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus discursos, a parábola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas e das dissertações do Grande Pregador.
Mas os que não buscavam na parábola a figura que compara, a alegoria que representa a idéia espiritual, e se prendiam à forma, desprezando o fundo, para estes a Doutrina nem sequer aparecia, mas conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.
Daí a resposta de Jesus aos discípulos que lhe inquiriram a razão de Ele falar por parábolas: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é isso dado. Pois ao que tem, dar-se-lhe-á e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.”
“Por isso lhes falo por parábolas, porque vendo não vêem; e ouvindo não ouvem, nem entendem. E neles se está cumprindo a profecia de Isaías, que diz: Certamente ouvireis , e de nenhum modo entendereis. Por que o coração deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e eles fecharam os olhos; para não suceder que vendo e ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam e eu os cure.”
Pelo trecho se observa claramente que os fariseus e a maioria dos judeus, em ouvindo a exposição da parábola, só viam a figura alegórica que lhes era mostrada, assim como, quem não cobra a noz, só lhe vê a casca.
Ao passo que com os seus discípulos não acontecia à mesma coisa; eles viam e ouviam o ensino, o sentido espiritual que permanece para sempre; não se prendiam á figura ou à palavra sonora, que se extingue e desvanece.
De modo que os fariseus ouviam, mas não ouviam;viam mas não viam (em outros termos: ouviam, mas não escutavam; viam mas não enxergavam.); porque uma coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo, e outra coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Espírito.
“A condição que Jesus expõe, como sendo indispensável “para nos ser dado e possuirmos em abundância” é, como diz o texto, de nós termos” – Mas “termos” o quê?  Certamente algum princípio doutrinário unido à boa vontade para recebermos a Verdade- “ Aquele que tem ser –lhe- á dado  e terá em abundância.”
E o obstáculo à recepção da sua Doutrina é o indivíduo “não ter”- não ter a mais ligeira iniciação espiritual e não ter boa vontade para receber a Nova da Salvação.
De modo que a Parábola Evangélica é uma instrução alegórica, exposta sempre com um fim moral, como um meio fácil de compreender uma lição espiritual.É, pelo menos, a opinião do evangelista Mateus quando diz: “Todas estas coisas falou Jesus em parábolas, e nada lhes falava sem parábolas; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca, e publicarei coisas escondidas desde a criação” (Mateus,XIII,34-35)
Finalmente as Parábolas tem pouca importância para os que as tomam como foram escritas; demais, o sentido nunca deve ser desnaturado ou transviado , sob pena de prejudicar a Ideia Cristã. Por exemplo, ao que vê na parábola do “tesouro escondido” um meio de enriquecer materialmente, ou na parábola do” administrador infiel” uma lição de infidelidade, lhe será preferível fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus negócios materiais.
A inteligência dos Evangelhos explica perfeitamente a interpretação espiritual que Jesus dá aos seus ensaios. Se os Evangelhos fossem um amontoado de alegorias sem significação espiritual, nenhum valor teriam."

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