sexta-feira, 4 de abril de 2014

A sabedoria de receber



Algumas pessoas têm uma grande capacidade para dar, para oferecer a outrem presentes variados. Capacidade de descobrir o de que o outro necessita e lhe providenciar, com presteza.
Mas, percebe-se, que alguns de nós temos dificuldade em receber o que nos é ofertado. Por vezes, em determinadas circunstâncias de nossas vidas, reagimos a certas dádivas, com quase intolerância: Detesto caridade alheia em meu favor.
Esquecemos de que o próprio Cristo, o único Ser perfeito que transitou pela Terra, não se furtou a aceitar o auxílio de um tal Simão, das bandas de Cirene, na Àfrica, a conduzir o próprio madeiro da crucificação.
Com certeza, como em todos os atos de Sua vida, aproveitou o ensejo para ensinar a sabedoria de receber. Ele dera tanto de Si, amor integral que era.
Mas, naquela circunstância, exaurido pela perda de sangue após o suplício dos açoites e a coroa de espinhos, a noite indormida, a falta de alimento e de água, agradeceu com o olhar o auxílio do Cireneu.
E continuou caminhando, até o local do suplício.
Igualmente, expressou gratidão ante a dádiva de Verônica que, rompendo o cordão de isolamento dos soldados, chega até Ele e lhe enxuga a face ensanguentada e suarenta: deixou impressa Sua imagem no linho alvo.
Recordamos de uma professora que foi enviada a lecionar em uma escola de periferia.
Ali, havia falta de tudo. A sala de aula era escura, sem pintura, de aspecto quase sombrio. As condições eram as mais adversas possíveis.
E os alunos eram filhos de homens e mulheres sem teto, sem emprego, e tinham de si mesmos uma imagem depreciativa.
Ela chegou e fez a diferença. Convocou o marido, amigos, conhecidos, os próprios pais e organizou mutirões. Conseguiu tinta e a escola ganhou cores festivas.
Plantou flores para alegrar a entrada. E uma horta, para benefício dos alunos, que tudo recebiam entre a surpresa e a hesitação.
Jamais alguém os presenteara tanto. Eles estavam habituados a ter coisa nenhuma, rumando de uma para outra banda, seguindo os passos incertos dos seus pais.
E agora, estava ali uma professora a lhes oferecer beleza, arte, conforto, carinho em todas as suas atitudes.
A maior alegria foi no dia em que ela, em tendo recebido o primeiro salário, adquiriu vários livros e os disponibilizou, montando pequena biblioteca, na sala de aula.
Livros didáticos, livros de histórias, livros coloridos, cheios de gravuras. Livros que enchiam os olhos e a mente! Aquelas crianças verdadeiramente os devoraram, folheando cada um como um tesouro inestimável.
A alegria delas enchia o coração da professora de felicidades.
A maior surpresa, contudo, foi quando começaram a chegar os presentes deles: uma flor colhida na estrada, a caminho da escola; um desenho, um cartão, uma frase rabiscada em pequeno pedaço de papel.
Era a sua vez de receber. E o fez, de forma admirável, redobrando-se em cuidados para com eles.
E guardou cada um daqueles mimos, emocionada, pensando: Meu Deus, eles nada têm e me oferecem presentes.
A sabedoria de receber. Receber gratidão, um abraço, um aperto de mão, um envelope com certa quantia de que tanto necessitamos, um presente inesperado.
Pensemos nisso e recebamos com alegria o que nos ofertam amigos, conhecidos, desconhecidos, alguém que se sentiu tocado pela nossa ação, pela nossa vida, pela nossa dificuldade.
Redação do Momento Espírita.
Em 13.3.2014.


terça-feira, 1 de abril de 2014

NO REINO DA ALMA

NO REINO DA ALMA

Por este motivo te lembro que despertes o dom de Deus, que Existe em ti, pela imposição de minhas mãos.
II Timóteo, 1:6
Numerosos os companheiros que pagam ou reclamam concurso alheio para que se lhes desenvolvam determinadas qualidades espirituais.
Ginásticas, regimes dietéticos, penitências, austeridades místicas…
Sem dúvida, semelhantes processos de educação do corpo e da mente valem por precioso concurso ao despertamento da vida interior, sempre que empregados de intenção e pensamento voltados para os interesses superiores do espírito.
Mas não bastam.
A palavra do Evangelho através do apóstolo Paulo é suficientemente esclarecedora. Ele se reporta à colaboração dos passes magnéticos, ministrados por ele mesmo, em favor do discípulo; entretanto, não o exonera da obrigação de acordar, em si e por si próprio, os talentos de que é portador.
O convívio com um amigo da altura moral do convertido de Damasco, as preces e ensinamentos do lar, os apelos doutrinários e o amparo externo constantemente recebido não desligavam Timóteo do dever de estudar e aprender, trabalhar e servir, a fim de burilar os seus dons de alma e acioná-los na construção da própria felicidade pela extensão do bem.
Pensemos nisso e saibamos receber reconhecidamente os auxílios que a bondade alheia nos proporcione, aproveitando-os em nosso benefício, mas lembrando sempre que o autoaperfeiçoamento, para que a luz do Senhor se nos retrate no coração e na vida, será resultado de esforço nosso, ação individual de que não poderemos fugir.

Emmanuel

Produção: SER

O Trabalho na Seara Espírita