sábado, 20 de agosto de 2011

Ante os que partiram

Nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio.
Ver a névoa da morte estampar-se, inexorável, na fisionomia dos que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.
Digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia; um esposo que se despede, procurando debalde mover os lábios mudos; uma companheira cujas mãos consagradas à ternura pendem extintas; um amigo que tomba desfalecente para não mais se erguer, ou um semblante materno acostumado a abençoar, e que nada mais consegue exprimir senão a dor da extrema separação, através da última lágrima.
Falem aqueles que, um dia, se inclinaram, esmagados de solidão, à frente de um túmulo; os que se rojaram em prece nas cinzas que recobrem a derradeira recordação dos entes inesquecíveis; os que caíram, varados de saudade, carregando no seio o esquife dos próprios sonhos; os que tatearam, gemendo, a lousa imóvel, e os que soluçaram de angústia, no ádito dos próprios pensamentos, perguntando, em vão, pela presença dos que partiram.
Todavia, quando semelhante provação te bata à porta, reprime o desespero e dilui a corrente da mágoa na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto lhes fustigam a alma como chuva de fel.
Também eles pensam e lutam, sentem a choram.
Atravessam a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram… Ouvem-lhes os gritos e as súplicas, na onda mental que rompe a barreira da grande sombra e tremem cada vez que os laços afetivos da retaguarda se rendem à inconformação ou se voltam para o suicídio.
Lamentam-se quanto aos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito.
Estimulam-te à prática do bem, partilhando-te as dores e as alegrias.
Rejubilam-se com as tuas vitórias no mundo interior e consolam-te nas horas amargas para que te não percas no frio do desencanto.
Tranqüiliza-te, desse modo, os companheiros que demandam o Além, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram.
Recorda que, em futuro mais próximo que imaginas, respirarás entre eles, comungando-lhes as necessidades e os problemas, porquanto terminarás também a própria viagem no mar das provas redentoras.
E, vencendo para sempre o terror da morte, não nos será lícito esquecer que Jesus, o nosso Divino Mestre e Herói do Túmulo Vazio, nasceu em noite escura, viveu entre os infortúnios da Terra e expirou na cruz, em tarde pardacenta, sobre o monte empedrado, mas ressuscitou aos Cânticos da manhã, no fulgor de um jardim.

FRANCISCO CANDIDO XAVIER
DITADO PELO ESPÍRITO EMMANUEL

2 comentários:

  1. A Morte

    Na qualidade de pais, nos preocupamos bastante em educar os nossos filhos, desejando vê-los se tornarem cidadãos produtivos e honrados. Temos o anseio de ve-los progredir, alcançar êxito na vida, sucesso em suas carreiras profissionais. Tornarem-se pais e mães conscientes.Tudo muito louvável! Mas seria bastante oportuno que nos lembrássemos de os preparar, desde a infância, para a realidade da morte.É curioso notar que so cuidamos da educação para a vida e esquecemos de que vivemos para morrer.A morte é o nosso fim inevitável !! O mais importante e sabermos concientizar nossos filhos para obter materialmente da vida o essencial e suficiente para bem sobreviver, sem excessos ou ostentacoes, pois nao levarao nada quando morrerem.Muito mais importante ainda podermos ensinar a eles o amor ao proximo, a caridade para com os semelhantes, a benevolencia para com os nescessitados, a criacao de amizades sinceras, a importancia de uma conduta digna e muitas outras virtudes que serao sinais de grande previdencia e sabedoria.E teremos cumprido verdadeiramente nossa missao de pais !

    ResponderExcluir
  2. Em resposta ao comentário:
    O medo é fruto do desconhecido. Fico pensando como podemos ter medo da morte se ela faz parte do nosso cotidiano e é, certeza na vida. Busque o sentido para a morte, através da vivência, da serenidade e ensinamentos de Jesus. Com o estudo sobre esse tema o fantasma da morte haverá de desaparecer. Tratando nossos filhos segundo os ensinamentos de Jesus, estaremos preparando-os para TUDO.

    ResponderExcluir