quinta-feira, 26 de julho de 2012

A fé e a dor


Palestra realizada na Casa Espírita de Lagoa Dourada
por Flora

Dias antes da prisão de Jesus Cristo, os discípulos e um grupo de pessoas conversavam entre si sobre a fé, estando também o Mestre por perto. Levi achava que somente o homem culto conhecia a extensão dos benefícios da fé; Tiago acreditava que bastava a vontade para que a confiança em Deus se estabelecesse; um dos filhos de Zebedeu perguntou se a fé era apenas para aqueles que a desejam? Saindo de seu devaneio Jesus respondeu:
- A fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam. Tê- la no coração é estar sempre pronto para Deus. Não importam a saúde ou a enfermidade do corpo, não tem significação os infortúnios ou os sucessos da vida material. A alma fiel trabalha confiante nos desígnios do Pai.
Levi, perguntou como discernir a vontade de Deus, naquilo que nos acontece. Jesus disse-lhe:
A vontade de Deus, além do que conhecemos através de sua lei, é a que também se manifesta, a cada instante da vida, misturando a alegria com as amarguras, concedendo a doçura ou retirando-a para que a criatura possa colher a experiência luminosa no caminho espinhoso. Ter fé, portanto, é ser fiel a essa vontade, em todas as circunstâncias, executando o bem que ela nos determina e seguindo-lhe o roteiro sagrado, nas menores sinuosidades da estrada que nos compete percorrer.
Tomé acrescentou que a fé seria atributo do espírito mais cultivado, porque o homem ignorante não poderá ter semelhante virtude. Jesus esclareceu:
- Todo homem de fé será, agora ou mais tarde, o irmão dileto da sabedoria e do sentimento.
A fé, conquista da alma não é comum apenas as criaturas de pouco conhecimento ou de posição vulgar, é bem possível QUE A ENCONTREMOS NO PEITO EXAUSTO DOS MAIS INFELIZES OU DESCLASSIFICADOS DO MUNDO.
Essa conversa foi revivida mentalmente por Tomé, quando este presenciou a crucificação de Jesus. Tomé não tinha a compreensão do motivo daquele homem estar vivendo toda aquela situação. Ele que ensinou, curou, amou, Filho do Deus! Desejou encontrar alguns companheiros pra trocar idéias, não viu um só deles. Procurou pelos beneficiados por Jesus, a ninguém reconheceu.
Enquanto as lanças brilhavam fixou os dois malfeitores que a justiça do mundo havia condenado. Aproximando–se mais da cruz viu que Jesus os olhava com terno olhar. Tomé se sentiu emocionado.  Quem seriam aqueles ladrões para estarem recebendo o olhar carinhoso do Cristo, naquela hora?
Dimas à direita, Gestas à esquerda do Cristo.
Gestas, ainda falava contra as autoridades locais, insultava Jesus. Estava irado.
Dimas arrependido do que havia feito se conformava com a cruz como conseqüência de seus crimes. Entendendo suas faltas, Dimas se mostrou humilde, entendedor do homem que estava próximo a ele, deixou que a fé existente em si, se mostrasse e apelou para Jesus:
- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino.
Nesse momento, Tomé reparou que Jesus lhe enviava um olhar cheio de carinho e foi como se aos seus ouvidos lhe chegassem ecos de sua palavra esclarecedora:
- Vês, Tomé? Quando todos os homens da lei não me compreenderam e quando os meus próprios discípulos me abandonaram, eis que encontro a confiança leal no peito de um ladrão!...
Tomé, ainda pensou... pensou na lição recebida até o momento em que  Jesus foi retirado da cruz. Ele começava a compreender  a essência profunda de seus ensinos imortais.Como se seu espírito fosse transportado para o alto do monte, pareceu-lhe observar a marcha humana: viu homens sobre livros da lei , doutores orgulhosos com postura ereta ao caminhar, mulheres vaidosas, viu os leprosos e doentes curados por Jesus, seguidores e discípulos que caminhavam envergonhados....Tomé chorou e julgou sentir a seu lado a figura do mestre que lhe colocou as mãos leves e amigas sobre a fronte atormentada, repetindo-lhe ao coração as palavras que lhe havia endereçado na cruz:
-Vês, Tomé? Quando todos os homens da lei não me compreenderam e os próprios discípulos me abandonaram, eis que encontro a confiança leal no peito de um ladrão!
Esses três homens postados na cruz representam estágios evolutivos diferenciados, portanto estágio diferenciado de compreensão das coisas da Terra e das coisas de Deus, como também tinham dores diferentes.
O homem que está na cruz do centro, apresentando a dor de amar sem ser amado, nem compreendido. É a dor  que abrasa no anseio de realizar um grande bem, cuja consumação está dependendo do objeto  desse bem acalentado.
Dimas tem a dor do arrependimento, a dor que regenera, converte e salva.
A dor de Gestas era a dor da revolta, do orgulho ferido, que atribui suas vicissitudes a causas estranhas que lhe não dizem respeito.
A dor pode ser comparada ao fogo. Ter efeitos positivos ou destrutivos. O fogo faz o alimento se tornar comestível, aquece. O fogo entregue a si mesmo, sem objetivo definido é o incêndio. A dor de Gestas consome, não esclarece o espírito, não redime. A dor do Cristo ilumina consciências, enobrece corações, desperta mentes na humanidade, a dor de Dimas é o fogo que redime, eleva, desperta a virtude da humildade e da fé.
 Joanna de Ângelis, fala que “à luz da psicologia profunda, uma fé diminuta, um grão de mostarda que lhe represente a dimensão, tudo consegue e nada lhe será impossível, porque se apóia, sobretudo, na razão.”
Portanto, trabalhemos, oremos, façamos nossas reflexões, tenhamos fé independente de nossa cultura, cor, recursos financeiros.



Bibliografia:
Vinícius.  Em tono do Mestre, FEB
Xavier, Francisco Cândido Boa Nova, FEB
Franco, Divaldo. Jesus e o Evangelho. À luz da psicologia profunda – Alvorada                                                                   livraria/editora

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